sábado, 17 de julho de 2010

Pés gelados e cachecol de tricô


Ao som suave das gotas de chuva dançando no telhado ela imagina a vida lá fora.
O silêncio paira no ar e ela sente as risadas, o tintilar dos copos, os chamegos e os desejos de uma noite folgada.
Sente ao seu lado, sente mesmo a quilômetros de distância.
Através da janela de seu quarto seu olhar se perde a procurar estrelas em um céu nublado.
Não desiste, mesmo que as nuvens estejam degustando o crepúsculo.
O frio congela suas feições, arroxeados seus lábios, seus pés gelados.
Em meio ao instante turvo emerge um sorriso.
Mergulha em suas cobertas e abraça seu cachecol.
Surge um calor terno, que vem de um lugar que não é possível se ver, é abstrato.
Nasce uma gargalhada.
 As preocupações assustadas viram a esquina.
Por essa noite a menina não quer pensar.
Mas como é possível uma pensadora evitar seus pensamentos?
Coração distante, coração em casa, coração vai se deitar que é hora de sonhar.
Menina Maria em seu sono curinga.

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